Em visita a cidade de Pelotas/RS para acompanhar a abertura oficial da 27ª edicação da Fenadoce, o Deputado Estadual Mateus Wesp concedeu uma entrevista ao Diário Popular, onde falou sobre sua ascensão até a Assembleia Legislativa, os próximos passos da LDO e fez uma avaliação sobre as projeções do partido tucano no Rio Grande do Sul.
DIÁRIO POPULAR – O senhor é relator da LDO. Há parecer jurídico do próprio Legislativo contra o projeto por não prever crescimento da folha. Haverá novo texto?
MATEUS WESP – Não vejo como ilegal o reconhecimento de que há déficit no RS. Pelo contrário: a ilegalidade se deu diversas vezes quando nos propusemos como Estado a uma LDO fictícia. Isso é descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A alegação do parecer da Assembleia foi de que a atual LDO seria inconstitucional ou ilegal por descumprir a LRF na medida em que não prevê valor de crescimento vegetativo. É uma interpretação equivocada. No momento de crise no RS os Poderes não compreendem a necessidade de fazerem sua cota parte; me parece falta de bom senso e comprometimento com um princípio republicano. Se todos estão no mesmo barco, devem remar para o mesmo lado.
DP – O governo enfrenta resistência do MDB nas privatizações pelo uso dos recursos das estatais. Já houve cobranças por espaço durante a votação do plebiscito. Como está a relação PSDB e MDB?
MW – É como uma família, não é só um mar de rosas. As divergências no andar da carruagem são normais até porque o MDB até pouco tempo tinha um governador com uma forma de encaminhar agendas ao parlamento e à sociedade. O MDB tem se manifestado como parceiro e votado os projetos. Em alguns momentos não maciçamente, mas a liderança da bancada tem sido favorável às propostas e votado conforme o governo. Sobre a questão de espaços, não houve troca ou barganha. O MDB se ausentou da sessão [de votação do plebiscito] por alguns minutos. Essa pressão pode significar várias coisas: divergências de projetos, de pontos de vista, de prazo de encaminhamento das propostas. O governador Eduardo resolveu em três meses o que o ex-governador Sartori não resolveu em quatro [anos]. Claro, ao ausentar-se pressiona o governo, dá recado de que “converse mais comigo”. Acho que isso até é legítimo, pois são 13 partidos e não é fácil conversar com todos.
DP – A prefeita Paula Mascarenhas não pretendia concorrer à reeleição, mas cedeu. Como o PSDB estadual vê isso: tem que concorrer à reeleição? Qual a importância de Pelotas?
MW – Nosso partido institucionalmente tem perfil de ser contra a reeleição. Agora, fazemos política com quem está na política e dentro das circunstâncias do jogo político atual. Assim sendo, dá flexibilidade, não para o abandono das convicções, mas de flexibilizar conforme as necessidades da sociedade. Se ela acredita que porventura o agente político deve concorrer, deverá dar esse respaldo. Acredito que essa é a linha que não só a prefeita Paula, mas todos os agentes políticos do PSDB têm adotado.
DP – O PSDB vai manter a parceria com o PTB em Pelotas ou terá outro partido como candidato a vice?
MW – A eleição estadual facilitou o dialogo com novos atores políticos. Mais: não teremos coligações para eleições proporcionais. Coloca mais um elemento na equação porque muitos partidos diminuirão de tamanho. A tendência do PSDB é crescer. Meu objetivo e tornar o partido o mais do RS. Isso passa pela possibilidade de liderar os processos, não de ficar como coadjuvante. Os atores que irão se agregar terão que analisar, independentemente, de quem. PTB, PP, o que for. Em alguns lugares temos coligações até com o PT. Se aqui o PTB for o partido que aderir nesse novo momento a partir de 2020, como tem auxiliado, que bom. Se outros aderirem, teremos que analisar o momento adequado.
DP – No recente congresso nacional, o PSDB indicou estar se alinhando à direita. Na campanha Eduardo Leite declarou apoio a Bolsonaro. O PSDB gaúcho segue que tendência?
MW – Não vejo o PSDB como nem de centro-esquerda, nem de direita. É radicalmente de centro, formado por correntes doutrinárias ideológicas que, em outros países, são até antagônicas. Por isso nosso partido pode ser definido como de centro. Sem confundir com morno. Em tempos depolarização, ser de centro não é uma vergonha, é uma virtude.
DP – Qual é o papel de Yeda Crusius para os tucanos? Apesar de ter sido governadora do PSDB antes de Leite, raramente é citada.
MW – É nossa presidente do PSDB Mulher, demonstra o reconhecimento do legado dela não só como referência feminina, mas como liderança política nacional, uma das fundadoras do partido. É óbvia a referência, ao discutirmos mudanças econômicas, ao governo dela, que teve coragem de propor uma LDO nos moldes ou semelhante à que o governador Eduardo está propondo. Mas não temos por costume venerar figuras como salvadoras da pátria. Se assim fosse, Nos tornaríamos um partido de caciques Veneraríamos atores como se faz com o ex-presidente Lula, com Brizola. Esse não é o perfil do PSDB.
* Entrevista publicada na edição do dia 15 e 16 de junho do jornal Diário Popular