Ninguém discute a relação existente entre desenvolvimento econômico e circulação de bens e pessoas. Todos aqueles que já pararam para observar a vida de uma aldeia sabe que a precariedade do progresso civilizatório se dá, mais precisamente, pelo isolamento de seus habitantes do restante das cidades e seus centros industriais e comerciais. O mesmo se aplica aos fundos de campos e rincões espalhados pelo Brasil que - pela precariedade de rotas de circulação, sejam elas terrestres, marítimas ou aéreas – mantém muitas regiões e pessoas na obscuridade e no atraso econômico.
Uma das formas mais eficientes para o crescimento de nosso município é, sem sombra de dúvidas, o investimento em rotas aéreas. Afinal, nos faltando alternativas marítimas ou mesmo a ampliação das vias terrestres, com certeza a ampliação da infraestrutura e o aumento de linhas aéreas faz-se necessária a fim de possibilitar o contato de Passo Fundo com o resto do mundo - seja pelo fluxo de pessoas ou de mercadorias.
Ademais, não há dúvidas da economia de tempo, tão precioso nesta era pós-moderna, com a utilização de vias aéreas. Especialmente, porque o município concentra sua economia no comércio e na prestação de serviços, além de constituir um importante núcleo universitário do norte do Estado, e, também, importante centro de atendimento à saúde.
Utilizando como exemplo o município de Chapecó/SC, que possui quase a mesma população que Passo Fundo e já tem, além de rotas para diversas outras cidades do Brasil, inclusive, rotas que ligam o município catarinense a outros países, é fácil de perceber o quão importante é o investimento aeroportuário para o desenvolvimento econômico de uma cidade.
A questão que nos importuna é: o que ocorreu lá, que ainda não ocorreu aqui?
Devemos louvar os esforços da atual gestão do executivo municipal e da câmara de vereadores na busca de recursos para reformar e ampliar nosso atual aeroporto. Tal conjugação de esforços das entidades de classe e dos políticos fez com que recursos fossem alocados para possibilitar, em um prazo curto, que o aeroporto Lauro Kurtz possa dar uma resposta melhor à cidade de Passo Fundo.
O cancelamento da linha de voo da empresa Avianca que fazia a rota Passo Fundo/São Paulo é compreensível em um cenário de recessão econômica, todavia, tal realidade não muda o fato de que, caso nossa cidade possuísse um aeroporto apropriado e fornecesse maiores oportunidades de circulação de bens e pessoas, o cancelamento da linha se faria, provavelmente em cidades de menor potencial econômico antes de chegar à nossa cidade.
Por isso, apesar do esforço realizado até o momento pelo governo municipal, é preciso que, além de tomarmos medidas rápidas para conclusão das reformas e ampliações do atual aeroporto e de outras empresas capazes de assumir as atividades que até o momento vinham sendo prestadas pela Avianca – consenso entre todos que querem o bem de Passo Fundo – busquemos alternativas para a construção de um outro aeroporto, em outra área e em outros moldes, já que o atual está atrelado à restrições de ordem técnica que o impedem de receber aeronaves maiores e capazes de transportar cargas e um número maior de pessoas.
Em outras palavras, se tecnicamente nosso atual aeroporto está apto - mesmo com a conclusão de sua ampliação - a receber apenas pequenas aeronaves, já que em termos técnicos é considerado uma pista de pouso, e não um aeroporto, significa que o crescimento de nossa cidade também estará atrelado a este limite técnico o que, em outros termos, significa estipular um teto máximo para o crescimento econômico municipal que não poderá ser ultrapassado sem que se construa um novo aeroporto.
Portanto, é imprescindível que comecemos agora a pensar em alternativas para a construção de um novo aeroporto. Sabendo do longo tempo que se leva para a projeção e execução de um novo aeroporto, é necessário que comecemos logo a tomar as medidas para tanto. Foi este tipo de pensamento - a longo prazo - que possibilitou Chapecó/SC desfrutar do crescimento e desenvolvimento que vive hoje.
Logo, para que não enfrentemos daqui alguns anos, após a reforma do atual aeroporto, novos dramas como os vivenciados hoje, é importante discutirmos o futuro, pensando Passo Fundo não apenas para este ano, mas para daqui 40 ou 50 anos.