Nesta semana assistimos a mais uma ação da Lava Jato dirigida ao senador Aécio Neves, ex-presidente do PSDB, meu partido. Durante os últimos dois anos, por reiteradas vezes membros do alto escalão partidário foram alvo de operações relativas a casos de corrupção.
O PSDB precisa reconciliar-se com as suas origens, resgatar o seu espírito, restabelecer seu caráter inicial: o de um partido reformista - esteio de uma geração imbuída do espírito da Constituinte e da Carta Magna de 1988, cujo intento era opor-se claramente a alguns dos regimes pretéritos de exceção ao Estado de Direito -, que surgiu avesso ao fisiologismo, ao toma lá, dá cá, e à corrupção. É com esse propósito que precisamos atuar, buscando reorganizar a ação partidária, afastar todos os seus investigados e expulsar aqueles que forem condenados criminalmente.
Alguns dirão que o PSDB acabou. Que "já deu o que tinha que dar". Permito-me discordar deles, pois, afinal, em primeiro lugar, sei distinguir as instituições das pessoas que as compõem. Em segundo, porque vejo que as intenções e reformas sonhadas pelos seus fundadores - cujas origens remontam, para os paulistas, à Rev. Constitucionalista de 32 e, para os gaúchos, à Rev. Federalista de 1893 -, ainda não foram implementadas em nosso país e, portanto, não podem ser abandonadas. Ademais, são extamente essas bandeiras institucionais, como o parlamentarismo, por exemplo, que são tão necessários e tão pouco defendidas pelas demais siglas partidárias que tornam o PSDB indispensável como agremiação política. Como os outros partidos não cogitam fazer grandes reformas na morfologia política do poder, o PSDB ainda tem muito a realizar.
Precisamos, isso sim, voltar às nossas fontes de inspiração para colaborarmos com a reconstrução moral, econômica e gerencial do país, tendo coragem de cortar na carne, se necessário for.