Quando o palanque cobra a conta: o Brasil no Brics
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  • 07/07/2025

Quando o palanque cobra a conta: o Brasil no Brics

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Créditos: Ricardo Stuckert

Encerra-se hoje, 7 de julho de 2025, mais uma cúpula do Brics. No discurso, o governo defende soberania, nova ordem mundial e “desdolarização”. Na prática, porém, o Brasil arrisca muito por uma agenda que fortalece outros — e gera custo aqui dentro.

Slogan sem lastro

A ausência do principal parceiro asiático, em meio a tensões comerciais no Pacífico, expôs o óbvio: o bloco não é tão coeso quanto se vende. Cada gigante prioriza sua pauta, enquanto Brasília insiste num discurso que não encontra respaldo técnico. A promessa de abandonar o dólar, por exemplo, soa bem nos palanques, mas não há mecanismo de troca, nem blindagem cambial. Enquanto isso, os EUA já sinalizam sobretaxas a quem engrossa a retórica antiocidental.

O governo comemora a expansão do bloco como conquista diplomática. Mas sem força militar, moeda forte ou lastro econômico, multipolaridade é apenas retórica. Quem sente primeiro é quem precisa de previsibilidade. O agronegócio, responsável por 24% do PIB, segundo o IBGE, é o mais exposto. No Sul, exportadores de soja, carnes e grãos já temem barreiras, tarifas e restrições.

O país sempre foi respeitado por dialogar com todos. Foi assim no G20, na OMC, nas negociações bilaterais que abriram portas. Renunciar a esse equilíbrio para posar de potência contestadora é perigoso — sobretudo quando a fatura vem em tarifas e mercados perdidos. No Rio Grande do Sul, onde a economia respira exportação, instabilidade se traduz em emprego ameaçado e renda menor.

O Brasil não precisa de palanques no palco internacional — precisa de pragmatismo. Precisa de acordos, crédito, segurança jurídica e previsibilidade. Defender soberania é garantir mercados abertos e parcerias reais — não discursos de efeito. É hora de voltar à mesa de negociação antes que a fatura bata à porta em forma de desemprego e oportunidades desperdiçadas.

Por Mateus Wesp