Onde a nossa sociedade vai parar?
Não utilizamos cookies próprios. Nosso site utiliza apenas cookies de terceiros essenciais e para monitoramento de acessos e estatística dos site. Ao continuar navegando você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Sombra horizontal g
  • 08/11/2016

Onde a nossa sociedade vai parar?

Gobierno manipulador

 

É senso comum que aquele que se declara conservador é associado com retrocesso, velharia, atraso. Quem defende a preservação de valores morais - que por séculos guiaram nossa sociedade - é considerado estúpido, arraigado a crenças ultrapassadas e taxado, inclusive, de intolerante ou de possuir uma “mente fechada”.

Hoje o criminoso, que revela habilidade ao cometer delitos, é exaltado como inteligente e sua astúcia é apresentada como virtude. A audácia desenfreada, mormente de jovens delinquentes, é indício de heroicidade. O fraudulento é visto como um habilidoso intelectual do crime. O chantagista é um artista da malícia. O contraventor é um acrobata que se desvia - com requintes - das malhas da lei. Personalidades estas que são exaltadas por grande parte dos jovens que, ao sonharem fazer igual, afirmam sem escrúpulos: “O cara é foda!”.

O corrupto é um hábil defensor dos pobres e oprimidos ao melhor estilo Robin Hood, como se aqueles que trabalham para possuir algo fossem até culpados por terem bens que outros não tem. A falcatrua, a falsificação e o golpe são exemplos de acuidade mental.

Os honestos são deprimidos e ridicularizados e o homem, como dizia Rui Barbosa “de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça [...] chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. O cidadão de bem, a vítima dos imorais e criminosos é apresentado como um ingênuo indesculpável, que parece bem merecer a lesão sofrida, por causa de sua boa-fé.

Sexualismo, semi-delinquência, afrontas à moral e vida irregular são acentuadas com requintes publicitários, chegando-se a estranhar a pessoa que não se pauta por estes vícios. Os divórcios de artistas de cinema e de televisão são apresentados como acontecimentos históricos de máxima importância.

Fatos relacionados a vida quase criminosa de um playboy imbecil e tolo, ou de uma patricinha fútil e mimada, ambos marcados por façanhas estúpidas, que qualquer débil mental seria capaz de fazer e até superar, são exaltadas como símbolos da excelência humana e modelo de conduta a todos.

A vida de um jogador de futebol tem uma importância biográfica superior à de Jesus Cristo ou de um Aristóteles. Seus passos são examinados, seus gestos são descritos, seus gostos imbecis são acentuados, suas preferências ridiculamente tolas são apresentadas como expressões do mais elevado gosto quando, na verdade, representam nada mais nada menos que uma simplória mediocridade. Enfim, o rei está nú e ninguém tem coragem de avisá-lo.

Não vivemos, talvez, uma época que tenciona, por acaso, explorar o que há de mais baixo no homem? Não assistimos uma desenfreada especulação nos baixos valores humanos para satisfazer a curiosidade e o interesse de multidões brutalizadas e barbarizadas?

Não seria talvez o caso de sermos um pouco mais conservadores com os valores e hábitos de nossa civilização, preservando determinados comportamentos que, no passado, possibilitaram o surgimento de um Da Vinci, um Camões, um Cervantes?

Não estamos, talvez, vivendo uma nova invasão de bárbaros por meio da qual a brutalidade e a irracionalidade imperam, ao passo que tudo aquilo que representa o que de mais belo e sublime o homem produziu em dois milênios de história ocidental é taxado de retrógrado?

Não seria hora de levantarmos um brado conservador para preservar o que ainda resta de nossa civilização?

Por Mateus Wesp