Todo canalha, no sentido mais comum do termo, é um hipócrita. Cito aqueles que defendem corruptos, ditadores, imorais, dissimulados, entre outros menos nobres personagens da política que fizeram barbaridades ao longo da história. Independente de partidos, épocas ou países (pois os canalhas são muitos) sempre tem aqueles que aprovam símbolos.
Defendem e aprovam seus assassinatos, massacres, violências, supressão da liberdade intelectual, mentiras, falcatruas e brutalidade para não falar dos cultos que prestam à personalidade do tirano, de modo que mais parecem sacerdotes de uma nova religião: “A Canalhice”.
Quando pegos no flagra da hipocrisia os canalhas não conseguem, embora tentem, se esconder por trás do véu de uma alegada ignorância, dizendo que não sabem, desconhecem ou nunca ouviram falar dos fatos que lhes são imputados.
Como não suponho que os canalhas sejam de fato burros, tenho que concluir que se fazem de cegos e ignorantes de modo deliberado para aprovar - com sua “songamonguice” fictícia - todas as coisas terríveis que os tiranos e ditadores fazem desde que sejam feitas em nome da canalhice.
Ele se assemelha ao peronista que, ao ser perguntado sobre o que pensava da tortura, respondia que isso dependia de quem era torturado e de quem era o torturador.
Este viés dúbio de moralidade, que torna alguém capaz de ser arauto da moralidade ao mesmo tempo em que na cara dura mente, engana e trapaceia a moral e com certeza cria um “passé qui ne passe pas”, um passado que não passa, que não se resolve. Uma eterna canalhice que cansa quem não gosta destes joguinhos canalhas.
Tal comportamento obtuso e fechado em si mesmo, nas suas convicções e canalhices me lembra muito a sentença de um magistrado gaúcho, sentenciando um réu na época da Revolução Federalista que, sem esconder suas preferências políticas de chimango, afirmou como argumento para condenar o réu, de modo pouco imparcial “Em suma, haja vista que o réu é maragato”, como se o pensar diferente fosse motivo suficiente para justificar a canalhice.