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A cúpula de Sharm el-Sheikh, realizada nesta segunda-feira (13), entrou para a história como um raro momento de convergência internacional em tempos de guerra. Sob mediação dos Estados Unidos — com o presidente Donald Trump à frente —, Egito, Catar e Turquia assinaram o documento que estabelece o cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
A assinatura, feita diante de mais de vinte líderes mundiais, foi descrita por observadores como o primeiro passo concreto rumo a uma paz duradoura no Oriente Médio em mais de uma década.
Antes do início da reunião, o presidente egípcio Abdel Fatah Al-Sissi afirmou que Trump era “o único capaz de trazer paz à região”. O evento contou com a presença de nomes como Emmanuel Macron (França), Keir Starmer (Reino Unido), Friedrich Merz (Alemanha), Recep Tayyip Erdogan (Turquia) e o rei Abdullah II (Jordânia). Netanyahu, em razão de um feriado judaico, não compareceu — mas o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, esteve presente e chegou a cumprimentar Trump, gesto simbólico que rompeu o gelo entre Washington e Ramallah.
O documento assinado define diretrizes para a implementação de medidas humanitárias, mecanismos de verificação e uma segunda fase que prevê negociações sobre o desarmamento do Hamas e o futuro governo de Gaza. A trégua, mediada por quatro países de peso regional, já resultou na libertação de reféns israelenses e na soltura de prisioneiros palestinos, criando um ambiente mínimo de confiança entre as partes.
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A visão de Trump e o reconhecimento europeu
De acordo com reportagem publicada pelo The European Conservative, o chanceler alemão Friedrich Merz reconheceu o papel decisivo de Trump na negociação, qualificando o republicano como “a única liderança ocidental capaz de falar com todos os lados”.
O texto observa que líderes europeus, antes reticentes, agora começam a rever sua postura: “Enquanto Macron busca protagonismo simbólico, Trump entrega resultados concretos”.
O mesmo artigo também destacou que a paz em Gaza reacendeu o debate sobre a necessidade de uma diplomacia mais pragmática — centrada em resultados, não em narrativas ideológicas — e que o êxito da mediação americana pode abrir caminho para futuras negociações de paz na Ucrânia.
Essa mudança de tom é significativa. Há poucos anos, o nome de Trump era sinônimo de polarização e imprevisibilidade. Hoje, seu papel de mediador entre Israel e Hamas é saudado até por adversários históricos. A Europa, que durante anos se habituou a discursar sobre “multilateralismo”, começa a redescobrir que a paz não nasce de comunicados, mas de liderança.
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Entre a retórica e o realismo
A reação da esquerda global foi, no mínimo, constrangedora. Os mesmos grupos que empunharam cartazes com “#CeasefireNow” parecem incapazes de celebrar o cessar-fogo quando ele se concretiza.
Parte do progressismo ocidental, que romantizou o Hamas como movimento de resistência, agora se vê sem discurso: a paz foi alcançada não por meio de revoluções, mas de negociação — e sob a liderança de quem eles mais criticaram.
A contradição é reveladora. Quando a paz não serve à ideologia, ela deixa de ser notícia. Essa é a diferença entre o pacifismo de palavras e a diplomacia de resultados. O que se viu no Egito não foi um gesto de conveniência, mas um ato de realismo político: pôr fim a uma guerra exige coragem para lidar com inimigos, não apenas com simpatizantes.
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Um novo Oriente Médio?
O presidente egípcio Al-Sissi foi direto: o plano de paz apresentado por Trump pode representar “a última chance para a paz na região”. O documento defende a solução de dois Estados — um israelense e um palestino —, mas dentro de um processo gradual que passa pela reconstrução de Gaza e pela reforma da Autoridade Palestina.
Trata-se de uma abordagem mais realista do que os projetos maximalistas das últimas décadas: paz não por decreto, mas por etapas.
Ainda há desafios imensos pela frente. O desarmamento do Hamas, a reorganização política de Gaza e o equilíbrio entre segurança e soberania serão temas explosivos. O chanceler egípcio, Badr Abdelatty, adiantou que será necessário um contingente internacional de manutenção da paz na próxima fase — e que o sucesso do acordo dependerá do compromisso permanente dos Estados Unidos em pressionar ambas as partes.
Mas o simples fato de haver um cessar-fogo, depois de meses de destruição e centenas de mortes, já é em si uma vitória moral. A diplomacia voltou a falar mais alto que o ódio.
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A paz e a verdade
Num tempo em que a política internacional é movida por slogans, o gesto de Trump e dos mediadores árabes devolve sentido à palavra paz.
A história mostra que nenhum acordo é perfeito — mas que cada trégua sincera é uma semente de esperança. O cessar-fogo de Sharm el-Sheikh lembra ao mundo que a verdadeira liderança não nasce de discursos inflamados, mas da capacidade de construir pontes entre adversários.
Hoje, o Oriente Médio dá um passo que muitos julgavam impossível. E o mundo descobre que a paz não é monopólio de ideologias, mas fruto de coragem, diplomacia e fé.
Se a esquerda não consegue celebrar isso, é porque já não reconhece a diferença entre política e ressentimento.
Mas a história, esta sim, saberá celebrar.