João Pedro Valandro Bertani foi o candidato a prefeito mais jovem das últimas eleições no Rio Grade do Sul. Na época, com 21 anos, Bertani representou o PMDB na disputa ao cargo de prefeito em Espumoso. Não foi eleito, mas mesmo assim não se afastou da política e segue atuando em seu município e região através de sua empresa do ramo agropecuário e do aperfeiçoamento acadêmico, visto que é formado em Relações Internacionais pela ESPM e cursa faculdade de Direito na Universidade de Passo Fundo – UPF.
Bertani defende a racionalização do Estado e uma maior participação dos jovens na política. Acompanhe a entrevista concedida por ele.
Como avalias a política na atualidade?
Vejo que a política é arte do possível. Hoje o país atravessa uma grande crise estrutural. Vemos uma grande diferença entre aquilo que pensam os representantes e os representados e conjecturamos um declínio do presidencialismo de coalização. Isso ficou muito claro na votação do impeachment e nas duas votações das denúncias contra o presidente Temer, que a gente tem partidos fisiológicos, que não têm postura, não defende valores e que no fundo a politica virou um balcão de negócios. Com o atual sistema político entendemos que o povo não se sente representado e de alguma maneira essa desilusão e a falta de credibilidade das instituições é prejudicial e abre flanco para ascensão de alguns extremismos. Mas temos que praticar a boa política seguir fazendo o que o vereador Mateus tem feito com mérito em Passo Fundo e como os jovens têm feito, buscando seu espaço na nova política.
E qual é a importância da participação dos jovens na política?
A participação dos jovens tem mudado. Especialmente na minha cidade ainda há uma certa reticência para que as pessoas deem sua confiança aos jovens, que naturalmente tem menos experiência, mas que tem uma bagagem intelectual, moral e vêm com vontade de fazer política. Acredito que a renovação é sempre importante. A política não é profissão, é a arte de servir e não de ser servido. Acredito que a participação do jovem acaba assuntando, gerando receio nesses políticos tradicionais que estão vendo que existem alternativas, que o povo está escolhendo os jovens.
Quais são as maiores dificuldades na administração pública?
A grande dificuldade da administração pública, observando a realidade do meu município, é a grande dependência dos repasses da união e dos estados, ou seja, o pacto federativo completamente distorcido. De cada R$ 1 arrecadado por Brasília, voltam R$ 0,16 para o município. As obrigações mínimas constitucionais que os municípios são obrigados a garantir têm inviabilizado as administrações a investir e a fazer obras. O meu município, por exemplo, tem capacidade de investimento de pouco mais de 8%. A grande maioria dos municípios hoje não tem arrecadação própria e não há margem para buscar alternativas.
Qual sua opinião sobre as parceiras público-privadas (PPPs) na administração pública?
As PPPs são fundamentais, vimos isso em muitos estados. Isso não tem ranço ideológico. Vejo que foram feitas muitas concessões importantes nos governos petistas, por exemplo. Bahia e Pernambuco são estados que historicamente foram controlados pelo PT e pela esquerda e têm exemplos de hospitais concedidos por PPPs. O PSB em Pernambuco deu um salto significativo em relação aos portos e hidrovias, se despindo de rancor ideológico, e não dizendo que PPP é privatização. Não é isso. Os estados não têm capacidade para gerir determinados recursos públicos e por isso são feitas as parcerias com a iniciativa privada para que ela possa, de maneira eficiente, com mais produtividade, executar as obras, com o estado fiscalizando.