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Todos os gaúchos temos acompanhado o debate acerca da privatização de empresas estatais, assunto que era considerado quase um tabu aqui no Rio Grande do Sul. De fato, historicamente, a nossa política foi marcada pela forte presença de ideologias estatizantes, tanto que daqui saíram para o protagonismo em nível nacional lideranças como Getúlio Vargas, Leonel Brizola e João Goulart, todos firmes defensores da intervenção direta do Estado sobre a economia.
Nesse contexto, não deixa de surpreender positivamente que nos últimos seis anos o eleitorado gaúcho tenha votado no sentido de apoiar a formação de maiorias governantes (no Executivo e no Legislativo) vinculadas à propostas claramente desestatizantes. Propostas cristalinas no sentido de reduzir o tamanho do Estado e o escopo de suas intervenções sobre a atividade econômica.
É sobre o pano de fundo desta alteração na percepção majoritária dos gaúchos sobre o papel do Estado na economia que se desenrola o debate, ainda em curso, sobre a privatização de importantes estatais como a CEEE, a Corsan e a Sulgás. Em nosso entender, fez bem o povo gaúcho em abandonar os pré-conceitos ideológicos que demonizavam a prestação de serviços públicos por empresas privadas.
A má-experiência com os serviços prestados pelo Estado, sempre aquém das reais necessidades da população, abriu caminho para o reconhecimento da subsidiariedade no que toca ao papel do setor público na prestação dos serviços públicos. É dizer, ao Estado cabe a tarefa de regulamentar e supervisionar a sua adequada prestação, sendo esta delegada à iniciativa privada, que detém uma capacidade organizacional e uma eficiência operacional superiores às da Administração Pública.
O Rio Grande do Sul tem carências imensas em setores importantes como a infra-estrutura e o saneamento básico. Só neste último, prevê-se a necessidade de investimentos da ordem de R$ 10 bilhões para universalizar o acesso aos serviços de água e esgoto. Sem a colaboração da iniciativa privada não teremos como suprir as carência da nossa população, que continuará a suportar o peso da precariedade dos serviços estatais.
É preciso privatizar!