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Há quase dois séculos realizou-se a campanha gloriosa da independência, sob a tutela eminente do patriarca José Bonifácio e a liderança de Dom Pedro I. Em seguida, a obra portentosa da Consolidação da Unidade (Pedro II e Caxias) dentro do Império. A geração de nossos trisavós depôs a Abolição e instituiu a República: libertou, destruiu e semeou. Aos homens das gerações nascidas na República coube uma nova obra de construção, difícil mas fecunda. Aos poucos foi sendo fixado, no tempo e no espaço, o pensamento e a consciência da nacionalidade brasileira. Os distúrbios graves destes momentos tristes e lamentáveis que por vezes vivemos em nosso país, perturbadores da Ordem e retardadores do Progresso almejado, haverão de determinar por certo a eclosão benéfica de energias novas e sadias no futuro.
Foi proximamente assim, em ambiente semelhante, que no passado foram postas em ação as figuras severas e imponentes de Evaristo da Veiga, de Bernardo de Vasconcelos e do egrégio Diogo Feijó – que nos períodos conturbados da regência, em que no Rio Grande vivia-se uma Revolução separatista – acreditaram no Brasil. Nesse 07 de Setembro temos a oportunidade de despertar as energias adormecidas de nossa raça. É dia de honrarmos a memória dos lusos ousados que fizeram passear por estas mesmas terras, fecundando-as, as suas coragens notáveis criando vilas, cidades e povoando regiões inteiras.
A minha querida Passo Fundo, cuja descendência dos bandeirantes intemeratos se faz perceber no tino aventureiro e comercial de seus habitantes, cheios de fé e esperança no porvir, como os jesuítas magníficos, e cheios de arrojo como os descobridores portugueses que os precederam, é uma das cidades que sempre celebrou o desfile de 07 de Setembro com muito entusiasmo. Comemoremos sempre com crença o passado para que pudéssemos ser acreditados em nossos sonhos de projeção para o futuro. Sempre soubemos que somente assim realizaremos o presente, honestamente, sinceramente, como nos compete.
Nos últimos anos, é visível o renovado vigor dos jovens ante os símbolos nacionais, o orgulho do nosso passado, o respeito as figuras que constituíram as nossas tradições. O surgimento de grupos de estudo monárquicos, de um pensamento conservador – que não seja reacionário nem autoritário – demonstra que precisamos seguir cultivando os feitos do passado, respeitando a nossa história e a nossa independência. Precisamos sim agitar a argila brasileira com o sopro criador de nossas ideias e de nossas crenças.
Após anos de alienação das elites brasileiras, calcadas com o seu pensamento mais na Europa do que no Brasil, as responsabilidades acumuladas sobre os ombros dos homens da geração da Nova República – que ousam contestar essa alienação - nascida com a República são simplesmente formidáveis. São inúmeros os que escrevem, porque não puderam fazer ainda outra coisa senão pensar, mas sentem com a própria obra que vai surgindo (no isolamento em que é composta) o irremediável das situações que vão criando: prometeus acorrentados pela opinião pública que os esmaga com o maior dos castigos de homens livres: o silêncio horrível de uma nacionalidade ainda sem consciência, deturpada pela ideologização da nossa história, que até pouco tempo ia se perdendo em atritos passivos as poucas energias soerguidas sobre o ‘peso morto’ aterrador dos milhões de analfabetos.
Felizmente, o país está acordando e, cada vez mais, informados e conscientes da própria história, as novas gerações irão fomentar o cultivo desses atos cívicos que simbolizam a nossa nacionalidade, as nossas virtudes e a nossa gente.