A vida é repleta de dificuldades que vez ou outra, fazem os incautos lançarem dúvidas sobre o caminho a ser tomado. Os incrédulos e os fracos de espírito, consternados pelos percalços do dia a dia, buscam atalhos, caminhos mais fáceis. O slogan conhecidíssimo do “evite problemas” é um modo de pensar comum atualmente. Estes vivem a vida iludindo-se que as dificuldades podem ser sempre evitadas. Sonham com um mundo utópico em que os problemas, as dificuldades e os conflitos não existiriam.
Qualquer pessoa madura sabe que dificuldades fazem parte do cotidiano das pessoas, em todas as épocas. Fomos feitos para o combate, para perseguir altos ideais e isso, por si só, pressupõe submetermo-nos a um caminho de sacrifícios e lutas. Nada de bom vem fácil e, se viesse, perderia a graça.
Na ânsia de evitar conflitos e levar uma vida pacata, seduzidos pelos caminhos mais fáceis, alguns tomam decisões que os afastam de seus objetivos. Ora, as grandes decisões históricas não foram implementadas facilmente. Nenhuma grande vitória militar começou como um passeio no parque. A decisão política acertada de Winston Churchill de retirar os soldados ingleses das praias de Dunquerque, em 1940, por exemplo, também recebeu diversas críticas e objeções. Naquele tempo, também existiam aqueles incitavam o primeiro-ministro à “fazer as pazes” com Hitler, rendendo a Grã-Bretanha ao domínio germânico, afinal, a Alemanha parecia tão forte.
Fortalecer convicções para continuar no caminho traçado, ter coragem e capacidade de resistir aos percalços, são condições para uma vida idealista, cujo intento é mudar a realidade ao invés de submeter-se a ela.
Carregar a “cruz de cada dia” sem remorso ou peso na consciência, possibilita superar os conselhos simplórios que dizem “deixa disso”, “não vale a pena” ou “melhor é não se incomodar”. No último domingo, o Evangelho de Mateus (16, 21-28) nos disse que aquele que quer alcançar voos mais altos, em qualquer circunstância, seja no trabalho, seja na defesa de seus princípios, necessita renunciar a si mesmo, abrir mão do conforto, da tranquilidade, da falsa expectativa de paz advinda de relações mornas, que pouco ou nada tem a contribuir.
A harmonia social não é alcançada com mediocridade nem com posturas que contradizem nossa personalidade e convicções. Sermos firmes com nossas posições não é sinal de orgulho ou vaidade, mas de coerência e honestidade, para conosco e para com aqueles que confiam em nós. Por isso, lutar pelo que se acredita, mesmo que percorrendo um caminho mais difícil e tortuoso, não é mera opção, mas um dever de quem tem objetivos maiores a realizar.