Você vale mais que um cachorro, um gato ou, mesmo, uma árvore? Ok. Todos somos seres vivos. No entanto, uma das grandes questões que dividem a humanidade hoje, diz respeito ao valor do Ser Humano. Afinal, teria ele um valor especial, uma dignidade própria ou ela seria equivalente a de uma galinha ou de um porco?
São duas as correntes que discordam acerca do valor do humano. Para a corrente adepta aos valores morais judaico-cristãos, o homem tem um valor infinito. Por outro lado, o humanismo secular afirma que o Ser Humano não possui nenhum valor que o diferencie dos demais seres vivos.
De modo curioso e até irônico, a opção pelos valores cristãos valoriza o Ser Humano de um modo imensamente superior, se comparado com qualquer concepção moral que se denomine “humanista”.
Afinal, se os homens não foram criados à imagem e semelhança de Deus, são, por óbvio, seres meramente materiais, originados do choque aleatório de moléculas sem qualquer relação com o Divino. Enfim, seríamos originados da poeira cósmica.
Entretanto, para quem tem uma concepção cristã do Ser Humano, a vida humana é sagrada por ser advinda de uma criação inteligente, realizada por um ser capaz de transcender a matéria.
Em termos simples, ou fomos criados a imagem do carbono e do átomo e, portanto, não valemos muito mais que isso, ou fomos criados a imagem de um Ser absoluto, que estando acima do mundo material e corpóreo, nos fez a sua a sua imagem e semelhança.
A concepção de que não possuímos uma dignidade especial tem nos colocado cada vez mais em pé de igualdade com todos os demais animais, possibilitando uma relativização da vida humana de modo assombroso. Afinal, não é incomum observarmos pessoas que bradem a defesa dos direitos dos animais e, ao mesmo tempo, não sintam nenhum remorso moral ao sacrificarem a vida humana por meio do aborto.
Ao esquecermos alguns dados básicos da antropologia humana (que facilmente esclareceriam as diferenças entre homens e animais) e abandonarmos valores morais que dão ao homem uma dignidade própria, acabamos deixando de lado o aspecto mais nobre de nossa humanidade e nos conduzimos apenas por sentimentos, sensações.
Não é a toa que muitas pessoas, ao serem questionadas se salvariam primeiro seu animal de estimação ou um ser humano desconhecido, caso ambos estivessem em situações de perigo, optem por salvar o animal. Já que, analisando apenas sobre o aspecto sentimental, têm mais apego ao bicho do que ao humano completamente desconhecido.
Quando desprezamos a dignidade própria do humano fica fácil de compreendermos atitudes que equiparam um churrasco de ovelha à incineração dos judeus no holocausto. Para quem vê todos os seres vivos como mero amontoado de células, a morte de um judeu em um campo de concentração deveria ser lamentada na mesma proporção de um bife de vaca.
E por quê? Porque para alguns, seres humanos, galinhas, vacas ou ovelhas têm o mesmo valor.
É por isso que cada vez mais pessoas se posicionam contra, por exemplo, o uso de animais em experimentos - que podem salvar vidas humanas. Não são poucas as pessoas que criticam estudos em animais, mesmo que estes levem à descoberta do câncer ou da AIDS. De fato, muitos defensores dos animais afirmam que, para salvar uma vida humana, seria errado sacrificar um porco apenas para obter uma válvula cardíaca.
Ora, não precisamos ser gênios para perceber que o rebaixamento da dignidade própria do Ser humano possibilitou, ao longo da história, a morte de milhares de pessoas. Só para citarmos dois exemplos: o dos totalitarismos nazista e comunista. A negação de que todo o humano tem a mesma dignidade foi o que possibilitou aos nazistas taxarem os judeus de sub-humanos ou aos comunistas de depreciar a dignidade de pessoas que não fossem alinhadas com a classe proletária.
Parece que tais comportamentos, que tanto depreciam o valor da vida humana e que escondem um desprezo pela humanidade como um todo, andam também ocorrendo hoje em dia nessas plagas.
Nesta semana, na Faculdade de Veterinária da Universidade de Passo Fundo, repercutiu o caso de uma aula em que um professor, pela simples divulgação de fotos de uma aula prática do curso, na qual mostrou uma carcaça de ovelha, técnicas de abate e como os cortes devem ser realizados, foi equiparado a um assassino frio e sem sentimentos.
Para os que criticaram o professor, todo comedor de carne deveria ser equiparado a um guarda de um campo de concentração nazista, como se apenas veganos e vegetarianos tivessem o respeito devido pela “vida”. (Curiosamente, muitos destes são os mesmos que defendem pautas como o aborto, eutanásia, dentre outras, que são bem pouco favoráveis à manutenção da vida humana).
Ora, além da necessidade técnica de tais estudos para a boa formação profissional do veterinário, responsável pelo cuidado e manejo adequado dos animais, é indiscutível o papel que diversos profissionais do setor, como por exemplo, agentes de inspeção animal, prestam em nossa sociedade e que, exatamente por estudos como estes, podem fornecer um serviço de qualidade para a população.
É lastimável que a irracionalidade não conheça limites e que vejamos pessoas com brilhante histórico de atuação profissional e técnica na pecuária da região, serem atacadas como vilões por vegetarianos e veganos que, julgando-se moralmente superiores, apenas demonstram um desprezo pela vida humana e tentam, de modo totalitário, por meio do “politicamente correto”, impor um modo/escolha de vida a toda uma sociedade.
Para os radicais vegetarianos e veganos, que defendem uma filosofia utilitarista, a lá Peter Singer, segundo a qual todos os seres que são capazes de sofrer devem ter seus interesses considerados de forma igualitária, o uso de animais para alimentação é injustificável, já que cria sofrimento desnecessário. Assim, ele considera que o vegetarianismo é a única dieta aceitável. Peter avalia ainda que bebês em gestação e pessoas em estado vegetativo não têm uma qualidade de vida mensurável, afirmando que o aborto e a eutanásia podem ser justificados em diversas circunstâncias. Soa bastante incoerente, não? Não podemos causar “sofrimento” aos animais, mas podemos tirar a vida de um ser humano.
De acordo com Peter Singer, a moral deve ser calculada em termos de ausência de sensações ruins ou de sofrimento. Nestes casos, a hipocrisia já começa pelo simples fato de seus “militantes” causarem imensas sensações negativas naqueles os quais eles atacam com todo o seu arsenal de agressividade e intolerância ao vociferarem suas teses. Não concordar não significa agredir. Perdemos o costume de respeitar as diferenças. Hoje, qualquer um brada suas teorias (por mais malucas que soem). Falta educação, falta consciência e creio, muitas vezes, falta mesmo é o que fazer...